Culto Formalista



"Este povo honra-me com os lábios mas,
o seu coração está longe de mim"
Marcos 7.6.


O culto em espírito e verdade, adequado à espiritualidade de Deus, como ensinou Jesus à mulher samaritana, pode ser prejudicado pelas formas ou cerimônias que expressam.
Essas formas, simples palavras ou elaboradas liturgias, são tão necessárias aos indivíduos ou igrejas para traduzir os seus sentimentos religiosos, quanto a alma precisa do corpo para se manifestar.
Essa necessidade é reconhecida pela Bíblia no titual do culto judaico e no direito e libertdade da Igreja Cristã de estabelecer cerimônias cultuais dentro da regra apostólica de "fazer tudo com decência e com ordem". A utilidade disso é porém contrariada pelo ensêjo que pode trazer à mecanização do culto.

Esse perigo é de natureza psicológica e pode ter várias formas.
       A associação de ideias.
       É sabido que uma palavra dita ou ouvida para expressar um pensamento pode sugerir ideias muito diferentes e até opostas ao dito pensamento. É assim que, às vezes, ouvindo um sermão ou cantando um hino, acontece achar-se o espírito do crente muito longe desses atos de culto, arrastado por uma vertiginosa associação de ideias.

       A lei do hábito
       Todos sabem que um ato praticado muitas vezes pode afinal ser feito pelo corpo, mecânicamente, sem a participação consiente do espírito. É assim que as mãos do pianista acham o teclado que ele precisa ferir, sem auxílio da vista. Igualmente, quando o adorador distraído pela lei da associação de ideias está com o espírito fora do culto, a lei do hábito o habilita a praticar perfeitamente, como um sonâmbulo, os atos regulares do culto.

       A insensibilidade
       Além disso, é fato a a repetição das ideias pode produzir no espírito uma certa insensibilidade semelhante aos calos que o trabalho faz nas mãos do operário. Por isso a freqüência das cerimônias religiosos pode embotar no espírito a capacidade de sentir o seu valor, e contribuir para uma certa apatia ou indiferança religioso.

Do que fica dito, a conclusão é que precisamos por nos atosde culto toda a nossa inteligência, vontade e amor a fim de evitar os perigos assinalados e para que possamos utilizar as cerimônias cultuais como o corpo adequado e necessário a nosso espírito e sentimentos religiosos.

Oração:
"O Deus, quão imperfeito sou, mesmo quando quero servir-te fielmente! Livra-me dos perigos naturais de cultos formalistas e habilita-me por teu Espírito a adorar-te de modo que te honre e que o meu culto seja uma fonte de gôzo espiritual para mim. Por Jesus Cristo, o Salvador. Amém.


Pastor: Alfredo Borges Teixeira.
Livro: Meditações Cristãs, 2ª edição, 1967.


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