O Dilúvio


Leitura: Gênesis 7, 8, 9; Lucas 17.26-27.

Certa vez Jesus declarou aos seus opositores: "Errais porque não conheceis as Escrituras e o poder de Deus". E é por isso também que o homem peca.

A narrativa do dilúvio, tantas vezes posta em dúvida, exemplifica o queacabamos de escrever. por essa narrativa se vê que a semente do pecado é vigorosa. Depois de germinar, atinge depressa pleno desenvolvimento. De outro lado, o dilúvio exemplifica o que diz a carta aos hebreus: "Todo o pecado e desobediênciarecebeu a merecida retribuição". Cheia a medida, Deus não retarda mais a execução da sua justiça.

O objetivo desta lição é mostrar que bases temos nós para crêr na impresionante narrativa que encontramosno livro das origens quando o homem, pela primeira vez, chegoua um estado de completa corrupção.

Base Natural
A narrativa do dilúvio apresenta certas dificuldades.

       a) De onde viria tantaz água?
       Pelo texto se vê que não foi apenas chuva. Houve um cataclisma de proporções mais amplas. A Bíblia diz que a água veio do céu e da terra, isto é, as chuvas e as fontes do grande abismo - Gn 7.11. O grande abismo são os aceanos. Houve, pois, junto com a chuva um transbordamento dos oceanos. Esse fenômeno, entre outras causas, podia ter duas:

            1) Levantamento do fundo dos mares e submersão dos continentes. Provas: Há lugares longe dos oceanos a grandes alturas onde existem camadas de ostras, horizontais, oblíquas e verticais. Encontram-se ossos de animais, de várias espécies, reunidos num lugar só. Em certas regiões árticas onde nunca teria sido possível a vida, encontram-se cadáveres de animais.
            2) Um grande degêlo rápido produziu ou auxiliou a inundação (Bernardin de Saint Pierre). O degêlo avolumou a inundação marítima. Esse cataclisma foi súbito e universal, pois deixou vestígios em toda a parte.

       b) Como pôde Noé reunir os animais?
       A narrativa diz que eles mesmos vieram ter com Noé. A observação mostra que os animais percebem o cataclisma muito antes do homem. Reunem-se, instintivamente, no primeiro lugar que encontram. Esses fatos mostram que há uma base natural para aceitar, sem dificuldade, a narrativa. Acresce ainda que, em todas as raças, existem tradições curiosíssimas de um grande cataclisma em que o mundo todo foi destruído pela água. Mas, além dessa base, existem outras mais firmes.


Base Sobrenatural (Poder de Deus)
Ele é o autor do mundo. Se o homem que é simples criatura pode provocar hoje o desencadeamento das forças imensas da natureza, não há razão para duvidar do poder de Deus e dos seus recursos para fazer coisas imcomparavelmente maiores.

O pigmeu que fez a bomba atômica só tem razões para crêr nas imensas possibilidades do Criador de todas as coisas. Aliás, quando Jesus falou da ignorancia dos seus opositores, disse que era ignorância das Escrituras e do poder de Deus. Essa ignorância acha mesmo muita dificuldade para crêr no ensino das Escrituras.


Base Ética
A extrema perversão do homem e o limite da paciência de Deus. (Gn 15.16; 1Pe 3.20; 2Pe 3.9; Rm 4.24).

       1) A paciência de Deus deve ter um limite: quem o afirma é a própria incredulidade. Há pessoas que dizem duvidar da existência de Deus somente porque o castigo dos pecadores tarda em vir. Se Deus existisse, dizem eles, os homens não viveriam impunenmente no pecado como vivem. Então, uma vez que Deus existe, há um limite para a sua longanimidade. A perversão chega a um limite que exige a imediata intervernção de Deus. Foi o que se deu naquela época e me muitas outras que terminaram num cataclisma.

       2) A história é uma série de ciclos proféticos. Há fatos particulares que profetizam outros mais gerais. Como escrevemos acima, em certas épocas de extrema perversão moral a punição de Deus vem catastroficamente. Cumpre lembrar que Deus não pune sem aviso: Jonas 3.1-10; Gênesis 19.12-14; 2Timóteo 2.5.


Base da Fé
Mas, acima de tudo o que foi dito, está a palavra autorizada de Jesus Cristo. Mais de uma vez se referiu Ele ao dilúvio como quem fala de um fato histórico incontestável. E quando falou do dilúvio foi sempre para avisar solenemente os homens da iminência de catástrofes semelhantes, mas incomparavelmente maiores.

A análise da narrativa do dilúvio apresenta os seguintes aspectos:
            a) Completa degenerescência moral do homem, caracterizada por sensualidade e violência.
            b) Continuação da estirpe dos piedosos, não obstante a corrupção geral. Noé era diferente dos seus contemporâneos, apesar das suas imperfeições.
            c) A narrativa mostra a ação contínua da providência divina, no aviso dos pecadores, nos recursos para a salvação de Noé e na orientação de todas as coisas para a preservação da semente humana.

Há quem se preocupe com discutir se o dilúvio foi parcial ou universal. Perda de tempo. O certo é que o gênero humano todo então existente foi atingido pelo cataclisma. E ninguém escapou a não ser aquele que Deus quis salvar.

O essencial é a lição que Jeus aponta nesses acontecimentos. É indispensável estar de sobreaviso para não ser alcançado inesperadamente pelos juízos severos de Deus, na hora das grandes catástrofes.

Pastor: José Borges dos Santos Júnior.

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