A Criação do Homem



Leitura: Gênesis 1.26-31 e 2.5-24.

Moisés, autor do livro, não escreveu de si mesmo, mas por inspiração divina.
O livro das origens faz duas narrativas. A primeira é a narrativa geral da criação (Gn 1.1-2.3). A segunda trata da criação do homem (Gn 2.4-25).

1º O Ato Criador
A narrativa mostra que há diferença entre a criação do homem e a criação dos animais. Na criação dos animais a expressão que Deus usou foi a seguinte: "Produza a terra". Na criação do homem, é deferente, disse: "Façamos o homem".

O verbo designado para expressar o ato criador é, outra vez, o verbo barah, indicando que Deus vai introduzir um elemento novo - a vida racional. Quando trata dos animais o livro diz apenas o seguinte: "conforme a sua espécie", o que mostra que esses seresvivos não tem semelhança com espécies anteriores.

O aparecimento do homem exigiu um ato criador e onipotente. O homem é uma criação imediatae direta de Deus. Nesse ato criador o que Deus fez não foi apenas o indivíduo, mas o casal, isto é, hoem e mulher. Daí a expressão que se vê em Gn 1.26: "...macho e fêmea os criou".

2º A Natureza do Homem
As Escrituras dizem duas coisas:
a) Que tem alma vivente - Como os animais, ele é da terra, veio da terra e voltará para a terra (Gn 2.7; 3.19 e Ec 3.18-20).
b) Que é semelhante a Deus - O homem não é só da terra (Ec 12.7). O homem tem consciência e determinação própria. Consciência própria porque se distuingue de tudo mais e nada fsaz sem saber o que está fazendo. Determinação própria porque tem faculdade de obedecer ou não obedecer conforme queira.

Deus plantou uma árvore no jardim. Se o homem fosse apenas um animal, teria colocado uma cerca ao redor dessa árvore. Em vez de fazê-la, proibiu-o. O animal é apenas instinto; o homem é mais do que isso, possui razão e consciência.

A lição nos apresenta o homem ideal, no seu estado de inocência, livre, bom, feliz e sem malícia (Gn 2.16-17, 25 e Ec 7.29).

3º A Finalidade do Homem
Conforme Gn 2.15 percebemos:
a) O homem foi feito para se associar com Deus no trabalho de realizar na terra um plano divino, isto é, para cuidar daquilo que Deus fez: ser cooperador de Deus.
b) O trabalho, longe de ser castigo ou causa de sofrimento, é, pelo contrário, a verdadeira finalidade do homem. É expressão da vida inteligente. O castigo consiste, como se verá depois, na degradação do trabalho, isot é, na sujeição ao estômago - trabalhar para comer.
c) Deusnão entregou ao homem uma obra consumada e sim alguma coisa que o homem deve afeiçoar. Só isso lhe dará felicidade. Fez um jardim, um lugar de felicidade, mas que o homem tinha de lavrar e guardar.

Essa lição sugere outra mais importante e profunda - o próprio homem é também assim. Deus o fez inocente e feliz, mas deixou nas suas mãos confirmar sua inocência e felicidade pela obediência voluntária.

É necessário observar que Deus não colocou o homem simplesmente no cenário grandioso do mundo, mas num lugar adequado, com circunstâncias favoráveis à felicidade e necessário à prova, disciplina e à estruturação definitiva da sua personalidade.

Ao descrever a criação da mulher a narrativa mostra que a família é uma instituição divina. Nela, e não no homem individual, está a unidadeprimária da grei humana. A mulher foi tirada do homem e, portanto, é do mesmo elemento. E, por isso, não obstante certas diferenças constitutivas, não é inferior ao homem.

Apesar de resumida, a narrativa bíblica da criação do homem é grandiosa e verdadeira. Não faz da criatura humana um ser tão alto que não pudesse ainda subir mais, nem o faz baixo que ele não pudesse perceber a sua grandeza e a sua dignidade. Não  nos apresenta uma fantasia, mas traços verdadeiros que, não obstante a longa evolução do homem até o dia de hoje, se conservam vivos e apegados em sua natureza.

José Borges dos Santos Júnior.
Extraído do livro: História da Redenção.

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