Elos Humanos da Providência Divina




Leitura: Gênesis 24, 25, 26; 1Coríntios 9.27.

Uma Leitura superficial da história da redenção poderia dar a entender que há estirpes piedosas e estirpes pecadoras. Uma observação mais atenta mostra coisa muito diferente.

Na descendência dos melhores homens vai aparecendo sempre o estigma do pecado. Foi o que se deu na descendência de Abraão: Isaque e Ismael; Esaú e Jacó, e assim por diante. Percebe-se nesse fato a seleção contínua que a Providência tem de ir fazendo para impedir que a raça se decomponha completamente. É uma interferência incessante da Providência, dentro da raça humana e até mesmo dentro da própria raça escolhida.

Isaque era filho de Abraão, crente piedoso, filho da promessa divina, não apresenta, entretanto, o mesmo caráter altivo do patriarca Abraão. Era homem mais ou menos passivo, que se deixava levar pela força das circunstâncias, bem como pela ações dos outros. Não obstante isso, foi um elo na imensa cadeia da providência divina. Era o filho de Abraão e o pao de Jacó. Com eles forma a trindade patriarcal do hebreus. Quando mais tarde os hebreus fizerem a sua invocação, hão de fazê-la mencionando o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó.

Na história desse patriarca podemos destacar alguns episódios principais que serão analisados sob os seguintes titulos:

       Indícios claros e desígnios deconhecidos
       É o que vemos, por exemplo, nos arranjos do casamento de Isaque. Quem se encarregou de tudo foi o pai. Ele apenas aceitou a noiva e, como disse o texto, amou-a intensamente,

Quais eram os indícios claros que a Providência tinha dado?
O propósito de Deus separar uma estirpe dentre todos os povos. Orientado instintivamente por esses indícios, Abraão não quis que seu filho se casasse com gente estranha. Não lhe faltariam alianças por meio do matrimônio do filho com os principes da terra. Mas, se isso se desse, talvez se prejudicasse a linhagem escolhida. Por isso Abraão mandou o seu mordomo à casa dos antepassados e parentes buscar uma noiva para o filho (Gênesis 24.1-14).

Quem seria a noiva?
Isso, nem ele sabia, nem o mordomo. este, porém, foi à terra onde o seu senhor o mandara e, depois de orar, pediu a Deus um sinal. E, por meio deste, escolheu a noiva. Percebe-se na narrativa Deus que dirigiu tudo.


       Franqueza do homem e socorro de Deus
       É impressionante como certas fraquezas se transmitem de pais a filhos. Vimos que uma das fraquezas de Abraão era o medo e, por causa do medo, mentiu. Em Isaque aparece a mesma coisa. Indo a uma cidade chamada Gerar, por amor à vida, enganou o povo dizendo que Rebeca era sua irmão. Como no caso de Abraão, foi a Providência que livrou de um desastre muito grande.

O mentiroso é sempre um fraco. A mentira revela duas coisas: interesse pelas coisas materiais ou medo do sofrimento físico.

Deus não tardou a mostrar ao patriarca que não havia razão para temer, uma vez que ele tinha por si o amparo da Providência.

       Diligência humana e bênção de Deus
       Não obstante a sua relativa passividade, Isaque mostrou-se diligente. Quando apareceu a fome na terra ele formulou imediatamente um plano, que só não executou porque Deus não lho permitiu. Encontrando-se em Gerar não perdeu tempo na ociosidade, mas preparou a terra, fez uma grande sementeira e teve uma grande colheita, porque Deus o abençoou. Como ele tivesse cavado alguns poços e os filisteus cheios de inveja o hostilizassem, ele não perdeu tempo numa contenda inútil e nociva. Abandonou aqueles poços e cavou outros. Novamente a bênção de Deus recompensou a sua diligência. Segue-se daí uma lição muito importante: Deus abençoa aqueles que se esforçam por fazer o melhor que podem.

É certo que há uma Providência que vela, que dirige os acontecimentos, que dispõe as circuntâncias e da qual todas as coisas necessariamente dependem. Nem sempre os desígnios sábios dessa Providência aparecem com suficiente clareza. Mas aos homens incumbe cumprir com diligência os deveres claramente ensinados na Bíblia e reconhecidos pela consciência. E nisso Isaque foi um modelo.

Não podemos terminar esta lição, sem apontar o traço mais importante do caráter de Isaque. Era homem de oração (Gênesis 24.63). E foi quando ele estava no campo buscando solidão para orar, que viu pela primeira vez a noiva que vinha chegando. Se não teve uma esposa perfeita, teve, entretanto, suficiente paciência para suportar as imperfeições dela.

Pastor: José Borges dos Santos Júnior.

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