Bem-Aventurança [5]




Bem-aventurados os misericordioso
porque alcançarão misericórdia.
Mateus 5.7.



Nas quatro primeiras bem-aventuranças Jesus anuncia quais as virtudes necessárias para o homem ter relações com Deus: a humildade, o arrependimento dos pecados, a submissão confiante à vonyade de Deus, e o desejo ardente de ser justo. São virtudes esseencialmente religiosas. Nas quatro últimas bem-aventuranças, porém, trata das relações do cristão com o próximo, ou de virtudes de natureza moral.

Na primeira destas, afirma ele que os misericordiosos são felizes porque alcançarão misericórdia.

É um fato que as pessoas que sofrem com a miséria física ou moral do próximo, e fazem o que podem para auxiliá-lo, ganham geralmente admiradores e amigos, que por sua  vez as socorrem quando necessitam de misericórdia. Esta recompensa dos misericordiosos, que aliás muitas vezes falha, embora incluída no texto acima citado, não é a que Jesus tinha em vista principalmente; trata-se alida misericórdia que há para eles no juízo ou no tribunal de Deus.

"Quem não ama ao seu irmão a quem vê, como pode amar a Deus a quem não vê", pergunta João. O amor do próximo é assim, nas Escrituras, apresentado como prova essencial de amor para com Deus ou sinal de que a pessoa é filho[a] do Pai celestial. Aqui a misericórdia, que é o amor em sua forma prática, prova que a pessoa está no estado espiritual necessário para a sua bem-aventurança presente e eterna.

Se, como Deus, ele tem entranhas de misericórdia, isso significa que já alcançou para si a misericórdia divina; se, pelo contrário, tem coração duro que não se move de compaixão pelos sofrimentos do próximo, aí está um indício de que ainda continua sob a condenação dos seus pecados, sendo objeto da justiça e não da misericórdia de Deus.

A misericórdia é, porém, uma só das facetas do caráter do cristão, e, quem possue as que são apontadas nas quatro primeiras bem-aventuranças, também terá esta.



Oração
Ó Deus, eu te rogo que as tuas entranhas de misericórdia se reproduzam em mim, transformando o teu Espírito, progressivamente, o meu duro coração no coração sensível e simpático que "chora com os que choram e se alegra com os que se alegram". Pelo amor de Jesus. Amém.




Pastor Alfredo Borges Teixeira.
Livro: Meditações Cristãs, 2ª edição, 1967.


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