Bem-Aventurança [8]



Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça
porque deles é o reino dos céus
Mateus 5.10.


As primeiras sete bem-aventuranças consideram as relações do cristão ideal com Deus e com os homens; esta oitava e última considera a atitude dos homens para com o cristão; essa atitude será em regra hostil, como prevê Jesus.

É desagradável, e mesmo irritante, aos pecadores, grosseiros ou não, a presença de uma pessoa cujas virtudes constituem uma reprovação permanente da sua vida. Como a luz forte é insuportável a olhos doentes e melindrosos, assim a nobre superioridade do caráter cristão ofende as chagas morais dos homens do mundo. "Porque vós não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso o mundo vos aborrece".

Além dessa razão, porém, outra talvez mais forte tem o mundo para essa animosidade contra os discípulos de Jesus. Estes devem ser pacificadores como assinala a sétima e penúltima bem-aventurança, e por isso precisam procurar desfazer a inimizade dos homens com Deus, pregando-lhes o evangelho. Não se limitam a reprovar as trevas com a luz da sua vida, mas denunciam o pecado como uma ingratidão com o Pai celeste e um perigo gravíssimo de que o homem precisa fugir.

Essa atitude generosa, por mais habilmente que seja exercida, não escapa de ser considerada por muitos como uma intromissão insuportável na vida e liberdade particular. Repelem-na e vingam-se de vários modos, realizando assim as perseguições que Jesus deu como motivo exterior da oitava bem-aventurança.

E de fato esses sofrimentos confortam o cristão, porque constituem uma prova, a mais, de que não pertence ao mundo, pois é repelido por este como cidadão do reino dos céus e também porque esta cidadania não é teórica, mas real, pois é acompanhada de atividade reformadora que reage e provoca reações.

"Bem-aventurados sois quando vos injuriarem, perseguirem e, mentindo, falarem todo mal contra vós por minha causa. Exultai e alegrai-vos porque grande é vosso galardão nos céus".


Oração
Ó Senhor Jesus, graças te damos por nos teres feito teus colaboradores na salvação do mundo e podermos "cumprir, em nossa carne, o resto das tuas aflições pelo teu corpo que é a Igreja". Amém. (Colossenses 1.24).

Pastor Alfredo Borges Teixeira.
Livro:Meditações Cristãs, 2ª edição, 1967.

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