A Segunda Tentação de Jesus




Se és Filho de Deus, atira-te abaixo, porque está escrito:
Aos seus anjos ordenarás a teu respeito que te guardem.
E: Eles te susterão nas suas mãos, não tropeçares nalguma pedra.
Mateus 4.6.


Tranportando Jesus nas asas da imaginação, o diabo diabo o colocou no pináculo do templo em Jerusalém e ali fez-lhe a segunda tentação expressa nas palavras do texto acima. Foi também uma tentação h[abil, embora menos disfarçada que a primeira.

Era crença popular que o Messias apareceria repentinamente, de algum modo misterioso, como, por exemplo, saltando do teto do templo no meio do povo reunido embaixo. Ora, Jesus era o Messias, mas ainda não era conhecido como tal. Teria muito trabalho e sofrimento para provar quem era e impor-se à nação no cumprimento de sua missão. Se o fizesse o que lhe estava sendo sugerido, porém, empolgaria de pronto a opinião pública no interesse de sua causa.

A sugetão tinha ainda em seu favor o ser baseada em uma clara promessa de Deus a todo servo seu fiel. Se Jesus não podia fazer pão de pedras para não deixar, como homem, de confiar na Palavra de Deus, praticar o salto sugerido, como homem, é legítimo, no interesse de sua obra messiânica.

A vantagem, porém, de fazer aquele portento a fim de evitar sofrimento na sua missão envolvia, em princípio, a renúncia da cruz ou da obra expiatória. Por isso, calmamente, sem mesmo denunciar a malignidade da sugestão, ele a repeliu, citando por sua vez a Escritura: "Não tentarás o Senhor teu Deus".

Confiar em Deus, quando em situações de que não podemos livrar-nos, é um dever; mas criar situações de em que nós não podemos nos livrar para por à prova a proteção divina prometida, é revelar desconfiança e não fé. É tentar a Deus.

Quantas vezes, entretanto, servos de Deus não têm caído em tentações semelhantes: esperando sarar de doenças sem remédios, fazer sermões úteis sem prepará-los, ter boas colheitas sem o devido trato e cuidado natural com as plantações.


Oração:
Ó Senhor Jesus, dá-nos a graça de perceber e evitar os laços perigosos que o diabo põe em nossos caminhos e, se não os percebermos, desfaze-os tu mesmo como fizeste no deserto, em nosso lugar. Amém.



Pastor Alfredo Borges Teixeira.
Livro: Meditações Cristãs, 2ª edição, 1967.

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